Posadas, 2018: descobertas e novas vivências

 

Mari Veiga

Ao desenvolver uma pesquisa de cunho científico nos deparamos com textos e artigos que informam a importância das questões metodológicas na construção da pesquisa. A atenção é necessária na escolha de temas e problemáticas relevantes à nossa realidade e que tenham  uma contribuição científica profícua. Muito tempo precisa ser dedicado na construção de um problema e objetivos bem definidos que orientem e sustentem a investigação, com a artesania de um referencial teórico bem articulado, com as devidas problematizações sobre as multidimensionalidades dos fenômenos e seus contextos.

Entre outras diversas questões que precisam ser refletidas, observadas e sistematizadas durante a concepção de uma pesquisa.

Este tipo de trabalho exige foco, cuidado, determinação, resiliência e por que não paixão. São muitos os desafios encontrados no decorrer do caminho. A vontade de desistir pode se tornar presente devido às dificuldades e o desgaste emocional da dura rotina do pesquisador.

Um tema nem sempre abordado que pode, além de auxiliar no desenvolvimento da pesquisa, servir como alívio nos momentos de maior esgotamento do pesquisador são as fontes de conhecimento alternativas. Atividades além do meio tradicional e do conhecimento específico. Práticas leves e lúdicas que ampliam a formação cultural do investigador. Como a participação em seminários, colóquios, viagens, passeios culturais, museus, galerias de arte, cinema, concertos musicais entre outros. O contato com esses diferentes espaços de vivências, com a diversidade sociocultural, além de possibilitar o aumento do repertório, conjunto de conhecimentos do indivíduo, ajudam a espairecer a mente, criar novas conexões e quem sabe novos horizontes de pesquisa.

Entre os dias 22 e 26 de outubro deste ano, participei do XII Seminário Internacional da Rede AMLAT sob o tema: “Comunicação, cidadania e territórios. Investigar em tempos de reconfiguração Latino Americana”, que ocorreu na cidade de Posadas, Misiones, Argentina. Foi uma semana maravilhosa de imersão social, cultural e acadêmica. O Seminário ocorreu na “Unam – Facultad de Humanidades y Ciencias Sociales”, lá refletimos e debatemos sobre metodologias, os sujeitos e as mídias, cidadania comunicativa, movimentos sociais, acessibilidade comunicativa, diversidade, educação, artes entre outros diversos temas. Tivemos a oportunidade de conviver de forma mais próxima e trocar experiências com colegas e amigos do grupo de pesquisa. Conhecemos novas pessoas, seu idioma, hábitos, preferências, histórias. Experimentamos iguarias da culinária local, como o “Chipá”, bolinho salgado que lembra um pão de queijo. Passeamos e visitamos lugares que nos contaram um pouquinho da memória daquele povo e de sua terra.

Caminhando por Posadas encontramos a famosa “Praza 9 de Julio”, onde fica a “Catedral San José” e o Palácio do Governo. As ruas da cidade são muito ricas, ao passear por ruas centrais encontramos diversos tipos de manifestações artísticas (esculturas, pinturas, grafites) e belezas naturais. Um destaque vai para a “Bajada Vieja”, que foi a primeira rua de Posadas, como levava ao Porto, era considerada a rua mais importante da cidade. Esta rua é linda, e merece ser observada com afinco. Através da arquitetura, natureza, das pinturas, dos mosaicos, podemos captar um pouco da história daquele povo que merece ser ouvida, sentida, lembrada. Ao final da rua chegamos à Costaneira, ali nos deparamos com uma bela orla, onde é possível admirar o Rio Paraná.

Monumento Andres Guazurarí

Na orla, com 15 metros de altura, e pesando 6 toneladas encontramos o magnífico monumento Andres Guazurarí, feito em homenagem ao Comandante Andresito , herói guarani, que lutou para defender a liberdade do povo das Missões, foi imortalizado e, nos corações de todos, continua ali protegendo a costa Argentina. É uma obra do artista Gerónimo Rodríguez, que possui diversas produções espalhadas por Posadas.

Mural na “Bajada Vieja”, que foi a primeira rua de Posadas

Outros passeios que merecem destaque são a visita às ruínas de San Ignacio Miní, uma das Missões Jusuítas mais bem conservadas, lá é possível explorar o sítio arqueológico e conhecer um pouco sobre a história das Missões. Cabe ressaltar aqui, que se vê necessário uma reflexão histórica crítica, já que as memórias transmitidas no local são apenas do ponto de vista dos colonizadores jesuítas.  À noite, o aprendizado fica por coonta de um incrível espetáculo de som e luz. E o Museu Regional Aníbal Cambas, que conta um pouco da história da região e possui várias peças indígenas.

Aproveitamos a proximidade e visitamos também “Encarnación”, no Paraguai, uma cidade tranquila, bem arborizada. Nós brasileiros, muitas vezes rotulamos o Paraguai como um lugar voltado ao comércio. Foi uma passada rápida, mas pude perceber que sua verdadeira riqueza vai muito além do consumo. É outro lugar que vale a pena visitar com mais calma e curiosidade.

Nestes dias de viagem e seminário aprendi muitas coisas, expandi horizontes, conheci pessoas, lugares, histórias. Com essas vivências e trocas tive inúmeras contribuições seja a nível acadêmico, para a minha pesquisa e conhecimento geral, como para a vida pessoal. Foi uma experiência incrível. Dentre as diversas coisas que se transformaram mim durante essa jornada, gostaria de destacar o surgimento de uma nova forma de perceber o mundo. De me sentir realmente parte integrante da nossa querida América Latina e valorizar o nosso povo e a nossa história.  Durante as suas pesquisas e a sua vida aproveite todas as oportunidades que houverem de conhecer novos lugares, novas pessoas, novas ideias, novos mundos. Vale a pena!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *