Efendy Maldonado fala sobre o II Colóquio Internacional de Investigação Crítica em Comunicação

A colega Ariane Laureano entrevistou o Prof. Dr. Alberto Efendy Maldonado, organizador do II Colóquio Internacional de Investigação Crítica em Comunicação, sobre a importância do evento e questões pertinentes sobre o assunto. Segue a entrevista:

 

 

1) Qual a importância de realizar o Colóquio?

 O Colóquio permite produzir diálogos e debates internacionais sobre pesquisa em comunicação na América e na Europa, como um espaço de confluência de conhecimentos e experiências. Ele é fonte de informações sistemáticas qualificadas para estudantes, professores e pesquisadores de nosso campo ao oferecer palestras, exposições e conversações que resumem décadas de investigação para os participantes. Ele contribui, também, à reformulação dos modos de atividade acadêmica já que concentra na mesma produção acadêmica um número expressivo de universidades.

 

2) O evento atingiu os objetivos propostos? 

Os objetivos de participação foram alcançados. Em termos de internacionalização tivemos a participação de representantes de sete países, pesquisadoras e pesquisadores de relevância para o campo em nível internacional. Do Brasil participaram especialistas de seis universidades, o que dá continuidade ao trabalho de cooperação e qualificação da investigação na área. As estudantes e os estudantes dos PPGs da UNISINOS, da UFRGS, e da FEEVALE tiveram a oportunidade de conhecer, questionar e refletir sobre o conjunto de experiências, teorias e pesquisas expostas. O LABITICS como laboratório de experimentação em tecnologias de comunicação e informação foi exigido, melhorou seus procedimentos de interconexão, trabalho internacional e comunicação. O GP PROCESSOCOM mostrou as capacidades e potencialidades de trabalho acadêmico colaborativo, e realizou um Colóquio dinâmico, denso e crítico de reconhecido mérito. O PPGCC dá continuidade a sua marca de excelência, reconhecida com a nota 6 da CAPES (nível do principais centros internacionais) e aperfeiçoa processos para brindar novas alegrias para a instituição. A formação de pesquisadoras e pesquisadores sai fortalecida num processo exigente e inventivo que articula diversidades teóricas e metodológicas para pensar e investigar a Comunicação Mundo contemporânea.

 

3) Nos últimos dois painéis (os que eu assisti) foi debatida a Democratização da Comunicação e a importância dos meios de comunicação. (Youtube e outros portais audiovisuais). De que maneira, nós (jornalistas e comunicadores) podemos contribuir para que a Democratização da Comunicação não fique só no discurso bonito?

Os e as estudantes de jornalismo e comunicação precisam incorporar nos seus pensamentos, referenciais, planos de negócios, perspectivas de existência profissional, pontos de vista e concepções, agendas e conversações informais o tema da democratização da comunicação. A obliteração, o apagamento, a exclusão e a ignorância em relação com a existência de regimes corporativistas, oligárquicos, oligopólicos e anacrônicos vigentes no Brasil contemporâneo, que excluem a milhões de profissionais, empresários, artistas, produtores e comunicadores do campo comunicacional dos benefícios do grande mercado das mídias e favorecem a umas poucas famílias é uma realidade que deve ser problematizada, conhecida, analisada e desconstruída principalmente na universidade. Sem pensamento construtivo, transformador, questionador, propositivo sobre novos modos e formas de organizar os mercados midiáticos no Brasil, a decadência sociocultural se aprofundará e provocará graves problemas de ordem sociocultural e políticos.

 

4) Por que a Democratização da Comunicação é importante ? 

Por que sem democratização da comunicação o Brasil dificilmente superará a grave crise política, ética, social e econômica que atravessa. O papel central dos sistemas midiáticos na configuração dos outros campos sociais e, em particular, do mundo do sentido, dos desejos, dos sonhos, das aspirações, das condutas, dos comportamentos e da existência dos públicos condiciona fortemente os modos de vida e a saúde mental do conjunto da população. Sem democratização da comunicação a democracia continuará sendo restrita, ao serviço de menos do 1% da população do país.

 

5) Na sua opinião, por que a Democratização da Comunicação não é exercida?

Para exercer é preciso saber, se para a grande maioria de estudantes, professores e profissionais a problemática da Democratização é algo de segundo ordem, ou distante, ou nem sequer é considerada o processo continuará lento, dado que os pensadores e profissionais que trabalham e advogam pela democratização ainda são uma qualificada minoria. Esse exercício deveria começar nos laboratórios e nas salas de aula, deveria continuar no compromisso social de cada trabalho e ação realizada, deveria alcançar uma organização ampla, diversa, fecunda e forte.

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