Warren Buffett explica de forma simples por que americanos ricos deviam pagar mais impostos

 

Por Nicole Sinclair
Postagem original: Yahoo Finanças

Warren Buffett é a terceira pessoa mais rica do mundo, de acordo com a lista de 2017 da Forbes. E ele tem sido um ferrenho defensor da ideia de devolver parte da sua riqueza em impostos.

Em 2010, ele anunciou o “The Giving Pledge” (em tradução livre: “A Promessa de Doar”), juntamente com Bill Gates, visando inspirar as pessoas mais ricas a doar a maior parte do seu patrimônio líquido para a filantropia, seja durante suas vidas ou após à morte.

Buffett é uma celebridade das finanças nos Estados Unidos e é o CEO da Berkshire Hathaway, um fundo de investimentos que tem milhares de acionistas. No próximo sábado, o Yahoo Finanças transmite com exclusividade o Encontro de Acionistas da Berkshire Hathaway ao Vivo. No encontro, alguns dos empresários mais famosos e bem-sucedidos do mundo dão dicas de investimento que podem, quase literalmente, valer ouro.

Buffett demonstrou abertamente seu apoio à população de baixa renda inserida em uma estrutura capitalista, num artigo de destaque no Wall Street Journal de 2015.

“As recompensas econômicas para pessoas com talentos especializados aumentaram muito mais rápido do que aquelas disponíveis para homens e mulheres honestas, que possuem habilidades mais comuns”, escreveu ele.

Como Buffett salientou, em 1982, o primeiro ano em que a lista dos mais ricos do mundo foi compilada pela Forbes, as pessoas listadas tinham um patrimônio líquido combinado de US$ 93 bilhões. O patrimônio combinado das pessoas que aparecem na lista atualmente é de US$ 2,3 trilhões, um aumento de 2.400% em 30 anos, enquanto a renda familiar subiu em média 180% durante o mesmo período. Durante todo este período, a porcentagem de americanos que vivem abaixo da linha da pobreza se manteve em 15%. “Nas últimas décadas, a onda de crescimento do país não atingiu os mais pobres”, escreveu ele.

O bilionário ainda acrescentou que o aumento dessas diferenças econômicas é consequência de uma economia baseada no avanço do mercado. Segundo ele, a “incompatibilidade é culpa do sistema de mercado, não dos menos favorecidos. Trata-se de uma consequência de um sistema econômico que exige talentos cada vez mais especializados, reduzindo a necessidade de tarefas mais comuns”.

Embora enalteça ricos como Henry Ford, Steve Jobs e Sam Walton, Buffett disse que a educação não é o suficiente para mudar este quadro.

“Para comprovar isso, imagine que vivemos numa economia baseada em esportes. Em tal mercado, eu seria um fracasso. Poderiam me oferecer instrução do mais alto nível e eu poderia me dedicar infinitamente a melhorar minhas habilidades, mas, infelizmente, eu não ganharia sequer um salário mínimo em um campo de futebol ou baseball. A verdade nua e crua é que, um sistema econômico avançado que se paute em habilidades físicas ou mentais, deixará muita gente para trás”, disse ele.

A lei de Buffett

A lei de Buffet faz parte de um plano fiscal proposto pelo presidente Barack Obama em 2011. Ele aplicaria uma taxa mínima de 30% sobre pessoas que ganham mais de 1 milhão de dólares por ano.

A lei de Buffett é uma homenagem a Warren Buffett, que disse em 2011 que achava errado pessoas ricas como ele pagarem uma porcentagem menor de impostos do que os rendimentos da classe média, e manifestou seu apoio à taxação das grandes fortunas.

Escrevendo para o New York Times em 2011, Buffett afirmou: “No ano passado, meu gasto com o imposto de renda e com taxas sobre os meus gastos e rendimentos foi de $6.938,744. Isso parece ser muito dinheiro, certo? Mas o que eu paguei foi apenas 17.4% dos meus rendimentos tributáveis, uma porcentagem menor do que a que foi paga por qualquer uma das outras 20 pessoas em nosso escritório. Os encargos fiscais dessas outras pessoas variam entre 33% e 41%, uma média de 36%. Ele ainda acrescentou: “Eu e meus amigos fomos muito mimados por um Congresso que é amigável demais com bilionários. Está na hora do nosso governo levar a sério o sacrifício compartilhado”.

“400 de nós pagamos menos imposto de renda do que nossos recepcionistas ou faxineiras. Se você está entre os 1% mais sortudos da humanidade, é seu dever pensar nos outros 99%”, disse ele num evento político em apoio a Hillary Rodham Clinton, em 2007.

No seu livro lançado em 2006, “The Audacity of Hope” (“A Audácia da Esperança” em tradução livre), Barack Obama citou Buffett, que disse que seus colegas milionários “acham que o dinheiro ‘é deles’ e eles devem ficar com cada centavo”. Mas eles não falam sobre todo o investimento público que nos permite viver como vivemos. Veja o meu caso, por exemplo. Eu tenho um grande talento para alocar capital. Mas minha capacidade de usar esse talento é completamente dependente da sociedade onde nasci. Se eu tivesse nascido numa tribo de caçadores, meu talento seria totalmente inútil. Não sou um bom corredor. Também não sou particularmente forte. É bem provável que eu acabasse virando comida de algum animal selvagem. Mas eu tive a sorte de nascer num momento em que a sociedade valoriza meu talento, e me deu uma boa educação para desenvolvê-lo, além de leis que me permitem fazer o que eu gosto de fazer e ganhar muito dinheiro assim. O mínimo que eu posso fazer é ajudar a custear isso”.

A lei de Buffett não estava na proposta do presidente em 2012. Inicialmente, a Casa Branca a encarou como uma diretriz, não uma iniciativa legislativa. Mais tarde, a lei foi apreciada pelo Senado. Em abril de 2012, a lei recebeu 51 votos a favor, mas foi vetada.

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