”O Wikileaks não propiciou a mudança, mas sim o conhecimento”

Bill Keller (Dayton, Ohio, 1949) dirige o jornal The New York Times desde 2003. Jornalista de raça, ganhou o Prêmio Pulitzer em sua etapa de correspondente em Moscou.

A reportagem é do jornal El País, 24-02-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“Considero que a colaboração entre os cinco meios funcionou bem. O que eu mais gostei foi de ler as notícias e ver que cada um manteve sua própria independência. Com análises diferentes sobre os mesmos documentos”.

Dubitativo sobre a influência ou não dos telegramas na onda de mudança do mundo árabe, ele assinala: “Somos responsáveis por ter avivado o fogo em Tunes, onde a informação do Wikileaks sobre a vida de seus mandatários teve muito eco e enfureceu a população. O Egito sofreu um contágio claro. A Líbia é outra coisa. Existem alguns documentos com material sobre Kadafi que, apesar do controle restritivo dos meios, sabemos que foram distribuídos”.

Para ele, Wikileaks não merece nenhum mérito: “Acredito que seria arrogante pensar o contrário. Valente são as pessoas que conseguiram a informação para que outros levem as honras. O Wikileaks não propiciou a mudança, mas proporcionou sim conhecimento”.

Ele não tem clareza sobre a continuidade dos documentos: “É preciso lembrar que foi um homem que localizou a informação. Agora, ele enfrenta muitos anos de prisão. Quem está disposto a fazer o mesmo?”. Ele destaca que o trabalho dos jornalistas não é o mesmo que há 10 anos, e o Wikileaks não é responsável por essa mudança: “A informação é mais acessível e tem um efeito direto sobre a intimidade”. Sua preocupação se enraíza em como os governos vão punir as pessoas que publicarem informação secreta.

De suas palavras, desprende-se que o futuro do jornalismo está na Internet, e “os meios tradicionais devem se adaptar”.

Quanto ao pagamento para receber informação, ele sugere que a maioria dos leitores não pagarão, “mas aqueles que utilizam a web como um periódico saberão o que custa fazê-lo e irão oferecer o dinheiro sem problemas”.

Fonte: IHU Online

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