Etos de site tem raiz na cultura dos hackers

IHU OnLine / WikiLeaks – 27/7/2010

Julian Assange vem sendo saudado como herói do jornalismo investigativo e condenado como risco à segurança nacional. Desde julho de 2007 o site WikiLeaks, que ele dirige, publica “documentos delicados” por meio do que descreve como “vazamento com princípios”. O site já abrigou mais de 1 milhão de documentos, desde o manual da prisão de Guantánamo até a lista de filiados do Partido Nacional britânico, de extrema-direita.

A reportagem é de Tim Bradshaw, publicada pelo Financial Times e reproduzida pelo jornal Folha de S. Paulo, 27-07-2010.

Seu vazamento de mais alto impacto havia sido neste ano, com um vídeo de 2007 que aparentemente mostra um helicóptero dos EUA disparando contra um grupo em Bagdá, matando dois funcionários da agência de notícias Reuters. Assange não viaja aos EUA desde então, por receio de ser preso.

“Acreditamos que a transparência em atividades governamentais leva à redução da corrupção e a democracias mais fortes”, diz o site.

O WikiLeaks possui uma tradição de revelação na internet de informações suprimidas, que data das alegações de 1998 sobre as ligações do então presidente Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinsky. Seu etos tem suas raízes na cultura dos hackers, e o “wiki” no nome alude à mesma tecnologia de publicação de acesso aberto empregada pelo Wikipedia.

Mas sua ênfase na verificação dos dados colhidos e na proteção de suas fontes é testemunho de uma tradição jornalística mais longa. Sua ascensão é concomitante à redução da capacidade dos jornais de investir em jornalismo investigativo, prejudicada pela queda na circulação e as dificuldades em ganhar dinheiro com a internet.

O WikiLeaks depende de donativos, mas sabe-se pouco sobre a origem e as dimensões de seu financiamento. Recentemente, Assange disse que vive como nômade, carregando um computador em uma mochila e suas roupas em outra. Após manter-se discreto por vários anos, suas aparições públicas vêm se tornando mais frequentes.

Ao aliar-se ao “Guardian“, “New York Times” e “Der Spiegel” para divulgar os registros da guerra no Afeganistão, o WikiLeaks procurou somar o impacto de notícias de primeira página e as habilidades de repórteres especializados à transparência radical da divulgação de documentos originais.

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